terça-feira, 30 de julho de 2013

EXERCÍCIOS REVISIONAIS A3 - 1º ANO

EXERCÍCIOS REVISIONAIS
(LITERATURA- 1º ANO- Ensino médio)

Aluno:
Turma:
Professor:

TEXTO
Carta de Caminha
Pero Vaz de Caminha (1450-1500), escrivão mor da esquadra de Pedro Álvares Cabral, assinou, a 1° de maio de 1500, uma carta ao então rei de Portugal, D. Manuel, descrevendo o que os marinheiros haviam encontrado nas terras recém descobertas, hoje, o Brasil.

Os assuntos mais importantes da carta são três: a fertilidade da terra; a existência ou não de ouro e prata; e a presença dos indígenas. Leia alguns fragmentos do texto original.

“§1       A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E trazem-no ali encaixado de sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem no comer e beber.

§2        Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do que sobre-pente, de boa grandeza, rapados todavia por cima das orelhas.
(...)

§3        O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata!
(...)

§4        Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas, e outras brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos -- terra que nos parecia muito extensa.

§5        Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!

§6        Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”


01. Analise as afirmativas abaixo:

I. No §3, pode-se inferir que os índios indicaram a presença de ouro e prata na terra. Porém, isso é contradito pelo §5.

II. O §5 explicita a fertilidade da terra: “querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!”

III. “Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara.” §1 => Infere-se uma moralidade cristã, europeia, nestes dizeres.

Está(ão) CORRETA(S):

a) apenas I e II.
b) apenas I e III.
c) apenas II e III.
d) apenas I.
e) I, II e III.



TEXTO

Erro de português

Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
 Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português

http://www.releituras.com/oandrade_tupi.asp (Acesso em 19 de maio de 2010.)

02. Analise as afirmativas abaixo:

I. O poema é simétrico: há dois blocos de três versos divididos pelo verso medial “Que pena!”. Em ambos há uma situação da natureza e um quadro do relacionamento índio-português.

II. O autor explorou a polissemia da palavra “pena”: pena da ave, usada nos adereços indígenas; pena como sinônimo de dó; pena no sentido de penalidade, castigo.

III. Está explícita a crítica ao choque cultural, no qual o índio saiu perdendo, sendo obrigado a assimilar a cultura do branco. O eu lírico, inclusive, aponta a possibilidade de aprendizado do português com o índio.

Está(ão) CORRETA(S):

a) apenas I e II.
b) apenas I e III.
c) apenas II e III.
d) apenas I.
e) I, II e III.


03. O Pe. José de Anchieta (1534-1597) escreveu várias obras, dentre elas uma Gramática da língua tupi, muitos autos (curtas peças de teatro) para catequização e poemas líricos.

Um de seus autos mais importantes é o Auto representado na Festa de São Lourenço, que apresentava uma briga pela dominação dos indígenas, tendo, de um lado, os demônios Guaixará e Aimberê, e do outro, procurando defender os gentios, São Lourenço e São Sebastião. Leia o trecho a seguir.



“SÃO LOURENÇO
Quem és tu?

GUAIXARÁ
Sou Guaixará embriagado,
sou boicininga, jaguar,
antropófago, agressor,
andirá-guaçu alado,
sou demônio matador.

SÃO LOURENÇO
E este aqui?

AIMBIRÊ
Sou jiboia, sou socó,
o grande Aimbirê tamoio.
Sucuri, gavião malhado,
sou tamanduá desgrenhado,
sou luminosos demônio.

SÃO LOURENÇO
Dizei-me o que quereis desta
minha terra em que nos vemos.

GUAIXARÁ
Amando os índios queremos
que obediência nos prestem
por tanto que lhes fazemos.
Pois se as coisas são da gente,
ama-se sinceramente.

SÃO SEBASTIÃO
Quem foi que insensatamente,
um dia ou presentemente
os índios vos entregou?
Se o próprio Deus tão potente
deste povo em santo ofício
corpo e alma modelou!

GUAIXARÁ
Deus? Talvez remotamente
pois é nada edificante
a vida que resultou.
São pecadores perfeitos,
repelem o amor de Deus,
e orgulham-se dos defeitos.




AIMBIRÊ
Bebem cauim a seu jeito,
como completos sandeus
ao cauim rendem seu preito.
Esse cauim é que tolhe
sua graça espiritual.
Perdidos no bacanal
seus espíritos se encolhem
em nosso laço fatal.

SÃO LOURENÇO
Não se esforçam por orar
na luta do dia a dia.
Isto é fraqueza, de certo.

AIMBIRÊ
Sua boca respira perto
do pouco que Deus confia.”



ANCHIETA, José de. Auto representado na Festa de São Lourenço, Rio de Janeiro: Serviço Nacional de
Teatro - Ministério da Educação e Cultura, 1973.

Texto proveniente de: Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro http://www.bibvirt.futuro.usp.br (Acesso em 15 de maio de 2010); Escola do Futuro da Universidade de São Paulo.


Das afirmações abaixo, todas estão corretas, EXCETO

a) São Sebastião diz que, se Deus modelou o povo indígena em corpo e alma, quem o teria entregue ao Diabo?
b) Os dois demônios, Guaixará e Aimberê, apresentam-se da forma mais assustadora possível (“demônio matador”; “luminoso demônio”).
c) Segundo o demônio Aimberê, os Índios bebem cauim como reis em verdadeiros bacanais, o que tolhe sua graça espiritual.
d) Guaixará considera-se proprietário dos índios. Sendo dono, como tal, espera obediência, já que ama sinceramente aquilo que é seu.
e) São Lourenço ressalta a importância da oração de um povo que luta dia a dia, e que às vezes fraqueja (no caso, refere-se ao consumo de cauim).



04. Sobre a documentação existente relativa ao período dos Quinhentos, tanto a Carta de Pero Vaz de Caminha quanto os textos de viajantes, explicitam o choque de culturas entre indígenas e europeus. A charge abaixo ironiza a situação.



... Vocês ganham o direito de fazer piada de português durante 500 anos!
 
Quer dizer que vocês levam o ouro, o minério e o pau-brasil e nós ganhamos o quê?
 
                                  

Imagens extraídas do livro Uma História do Brasil através da Caricatura 1840 – 2001 - Organização de Renato Lemos - Bom Texto/Letras e Expressões Editoras

 (Acesso em 21 de maio de 2010)

Analise as alternativas abaixo e assinale a CORRETA.

a) Os índios estão oferecendo o ouro, o minério e o pau-brasil aos europeus de forma desapegada, desinteressada.
b) A charge caracteriza a maneira como os brasileiros se referem aos portugueses e que a resposta do marinheiro foi séria.
c) A charge deve ser desconsiderada porque a caracterização das personagens contradiz a época retratada.
d) Na fala do índio já há uma desconfiança (“... e nos ganhamos o quê?”), que posteriormente a História vai confirmar.
e) Os portugueses são um povo alegre, daí o convite às piadas, ideia usada pelo cartunista dada a alegria do próprio brasileiro.


05. A Carta do Descobrimento, escrita por Pero Vaz de Caminha (1450-1500), escrivão-mor da esquadra de Pedro Álvares Cabral, apresentava um panorama do que era a atual região de Porto Seguro à época do descobrimento, segundo o olhar do europeu.

Renato Russo (1960-1996), compositor do grupo Legião Urbana, na música “Índios” explora a visão do índio em relação ao europeu. Leia a canção.

Índios
Composição: Renato Russo



Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha
Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda
Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como um só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
Sua maldade, então
Deixaram Deus tão triste.
Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.
E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes...
Quem me dera
Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo
Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz
Ao menos, obrigado.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado
Por ser inocente.
Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.
E é só você que tem
A cura pro meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.


http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/92/ (Acesso em 19 de maio de 2010.)


05. SINTETIZE em um parágrafo a critica apresentada pela canção “Índios”, ressaltando esse olhar indígena em relação ao europeu.
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TEXTO
Pedro Pedreiro
Chico Buarque

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando

Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando prá trás
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol, esperando o trem
Esperando aumento desde o ano passado para o mês que vem

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro espera o carnaval

E a sorte grande do bilhete pela federal todo mês
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem
Esperando a festa, esperando a sorte
E a mulher de Pedro, esperando um filho prá esperar também

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém

Pedro pedreiro tá esperando a morte
Ou esperando o dia de voltar pro Norte
Pedro não sabe mas talvez no fundo
Espere alguma coisa mais linda que o mundo

Maior do que o mar, mas prá que sonhar se dá
O desespero de esperar demais
Pedro pedreiro quer voltar atrás
Quer ser pedreiro pobre e nada mais, sem ficar

Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol, esperando o trem
Esperando aumento para o mês que vem
Esperando um filho prá esperar também

Esperando a festa, esperando a sorte
Esperando a morte, esperando o Norte
Esperando o dia de esperar ninguém
Esperando enfim, nada mais além
Da esperança aflita, bendita, infinita do apito de um trem

Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem

Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem

Questões da UFMG
06. Quem é Pedro, personagem da música de Chico Buarque?
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07. Por que a personagem se chama Pedro?
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08. O que você entende da seguinte passagem de Pedro pedreiro: “esperando o sol, esperando o trem, esperando aumento desde o ano passado para o mês que vem”?
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09.Os versos: “Pedro pedreiro tá esperando a morte//Ou esperando o dia de voltar pro Norte” retratam a realidade de muitos brasileiros. Quem são eles e que realidade é essa?
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10. O verso: “Esperando um filho prá esperar também” revela um ciclo difícil de se romper no Brasil. Que ciclo é esse? Por que ele acontece e como ele poderia ser quebrado?
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11. O que nos sugere o efeito sonoro produzido pelo final da música: “que já vem...// que já vem...// que já vem... que já vem...”?
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Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barraco sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
(In: Libertinagem, de Manuel Bandeira)

12.A que classe social pertence o personagem? Como é possível saber disso?
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13.Qual poderia ter sido o drama vivido pelo personagem para ele se suicidar?
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14.Em “Poema tirado de uma notícia de jornal”, Os verbos “bebeu/cantou/dançou” dizem respeito às ações realizadas pelo personagem antes de sua morte, caracterizando-se como uma das FIGURAS DE LIGUAGEM abaixo

a) gradação.
b) anáfora.
c) metonímia.
d) alegoria.

15.No texto de Manuel Bandeira, o nome do bar, “vinte de novembro”, ajuda a explicitar o caráter social do
texto, já que pode ser considerado uma referência ao dia da consciência negra no Brasil. Para chegarmos a essa constatação, ativamos, principalmente, o nosso

a) conhecimento linguístico.
b) conhecimento textual.
c) conhecimento científico.
d) conhecimento enciclopédico.



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